O orixá Xangô: sua história, sincretismo, qualidades e mais!

O orixá Xangô: sua história, sincretismo, qualidades e mais!

Conhece o orixá Xangô? Entenda todas as suas peculiaridades e conheça também as características mais marcantes dos filhos deste orixá.


Quem é o Orixá Xangô?

Ilustração do Orixá Xangô

Orixá da justiça, Xangô é símbolo de força e racionalidade, representando a criação das leis que regem o cosmo e do cumprimento da lei do retorno. Ele é uma divindade relacionada aos trovões e se enquadra no elemento fogo, tendo alta sintonia com meteoros e lava. O axé deste Orixá se encontra principalmente nas pedreiras que é o local terreno onde a energia espiritual de Xangô vibra mais.

O principal instrumento de Xangô é o oxé que consiste em um machado de duas lâminas. Este machado representa a justiça em si, pois reflete a imparcialidade de Xangô, analisando os dois lados de uma situação e podendo aplicar a lei do retorno para qualquer indivíduo.

A história de Xangô

Homem na praia vestido de Orixá Xangô

A Umbanda e o Candomblé possuem diferentes concepções acerca das origens de determinados Orixás e até mesmo do campo de atuação deles. A explicação para esse fenômeno se dá pelo fato de que a Umbanda nasceu do Espiritismo, tendo uma abordagem mais espiritualista, enquanto que o Candomblé se baseia muito mais na valorização da ancestralidade.

Xangô na Umbanda

Xangô é um dos Orixás mais cultuados na Umbanda, tendo diversas entidades que sintonizam em sua vibração. Ele está na sexta linha da Umbanda, tendo diversos caboclos e exus que trabalham sob sua energia, atuando em prol do cumprimento da justiça divina e para a proteção de encarnados e desencarnados.

Xangô no Candomblé

No Candomblé, Xangô é cultuado como um Orixá, mesmo assim tem a sua ancestralidade altamente valorizada. Para os fiéis dessa religião, os ancestrais de cada indivíduo merecem muito respeito, sendo a valorização destes um modo de preservar as raízes e tradições de seu local de origem. Por isso, é muito comum que haja muitas homenagens aos ancestrais nos terreiros de Candomblé.

Relativamente à ancestralidade desse Orixá da justiça, Xangô foi Rei de Oyó, enquanto estava vivo. Ele era adorado pela população e ficou famoso por sua imparcialidade e incorruptível senso de justiça. Vale ressaltar que Xangô assumiu o poder através de um golpe de Estado contra seu irmão que não tinha a competência necessária para administrar o reino.

Sua origem

Primeiramente, é importante destacar que Xangô realmente existiu, conforme as histórias do Candomblé que valorizam a ancestralidade contam. Por isso, ele já esteve encarnado como o rei de Oyó e era um rei poderoso que administrava seu reino com imparcialidade e forte senso de justiça, além de ter alto poderio na guerra.

Criador do culto aos Eguns

Xangô foi o criador do culto aos Eguns que representavam os espíritos dos que já tinham falecido, trabalhando juntamente com uma equipe. Porém, houve um certo dia em que as Iyámi Ajé, feiticeiras que eram muito temidas, invadiram uma sessão fantasiadas de eguns, para assustar os presentes.

Todos fugiram temendo-as, exceto Xangô que permaneceu para enfrentar essas supostas entidades. Essa atitude corajosa de Xangô provocou a fúria das Iyámi Ajé que mataram a filha favorita de Xangô, Adubaiyani, enquanto ele estava distraído, atendendo a seus súditos.

Xangô consultou Orunmilá e teve a concessão para ir ao reino dos mortos para ver sua filha uma última vez. Assim, além de conseguir rever sua filha, descobriu todos os mistérios dos ancestrais e proibiu a participação de mulheres neste culto, em retaliação às Iyámi Ajé.

Poderoso senso de justiça

Desde quando estava encarnado, como rei de Oyó, Xangô sempre teve um forte senso de justiça. Inclusive, há um itã que conta que Xangô teve que reunir seu exército para enfrentar soldados de diversos reinos em uma batalha. Porém, os soldados adversários sacrificavam os prisioneiros, com ordem dos comandantes deles, e não respeitavam nenhuma ética de batalha.

Nesse itã, Xangô ficou furioso ao ver seus soldados falecendo tão injustamente e subiu em uma pedreira, onde ele começou a bater com seu instrumento contra uma rocha. Assim, ele provocou diversos raios que aniquilaram os exércitos inimigos e fizeram com que esse Orixá vencesse a guerra. Porém, o que mais chamou a atenção é que Xangô se recusou a matar os prisioneiros adversários.

O rei de Oyó disse que eles apenas estavam cumprindo ordens de seus comandantes e que não mereciam morrer. Desse modo, ele soltou raios que atingiram os comandantes adversários e poupou o exército inimigo que passou a admirar a força e a justiça de Xangô.

Assim, esse é um itã muito importante que vai ao oposto do preceito do “olho por olho e dente por dente”, com uma análise mais racional da situação injusta. Afinal, Xangô mostra que a justiça é complexa e não se trata apenas da simples ação e reação, envolvendo diversos detalhes que podem estar ocultos até mesmo para o ser humano, como o karma sendo cumprido por conta de uma atitude feita na encarnação passada.

Como se tornou Orixá

Há um itã que conta a origem de Xangô como Orixá, no qual ele vai testar uma nova ferramenta com Iansã, já que este Orixá sempre levou consigo pedras que soltam fogo e incendeiam para as batalhas. Porém, essa nova ferramenta é muito forte e incendeia o reino de Oyó. Profundamente abalados, Xangô e Iansã encerram suas vidas terrenas e se tornam Orixás.

Porém, vale lembrar que assim como em outras religiões, os itãs retratam metaforicamente os componentes da religião. Dentre esses componentes, eles podem mostrar forças opostas, valores e muitas outras lições. Por isso, não devem ser interpretados de modo literal por alguém que esteja estudando a religião.

O sincretismo de Xangô

Ilustração do Deus Grego Zeus

O sincretismo religioso assumiu um papel muito importante para a preservação das raízes africanas no Brasil, já que na terrível época da escravidão, os escravos eram proibidos de cultuar seus deuses, sendo obrigados a ir às missas católicas. Mesmo assim, não queriam abdicar de suas raízes lá do tempo em que estavam na África, o que fez com que eles substituíssem cada santo por um Orixá.

Abaixo você poderá ver quais são os sincretismos de Xangô, não apenas no catolicismo, mas também na mitologia grega, romana e muito mais. Desse modo, cada um destes sincretismos de Xangô se associa diretamente a características desse Orixá.

São Pedro

A característica convergente de São Pedro e Xangô é a de administrarem os trovões, já que segundo a crença católica, São Pedro era o responsável por administrar os trovões e as chuvas. Assim, esse santo recebeu a chave para tomar conta do céu, sendo sincretizado com Xangô que possui esse atributo do trovão.

São João

Assim como junho é um mês de celebração para São João Batista, este também é um mês para homenagear Xangô, a partir do sincretismo religioso. Em ambos os casos, as tradições para comemoração são idênticas, com a abundância do elemento fogo nas fogueiras e fogos de artifício. Ou seja, a predominância do elemento base de Xangô. Inclusive, foi São João que batizou Jesus Cristo, tendo o papel de protagonista e escolhido.

São Jerônimo

Muito famoso por traduzir a bíblia para o Latim, São Jerônimo é famoso por ser aquele que escreve as leis de Deus, conforme o catolicismo. Devido a essa característica, foi sincretizado com Xangô que é o Orixá criador das leis da justiça que se espelham nas leis universais que regem o funcionamento do universo, criadas por Deus, Olorum, Zambi ou qualquer outro nome que se dê à força motriz cósmica.

Júpiter na mitologia romana

Júpiter, equivalente a Zeus da mitologia grega, é o principal deus da mitologia romana. Júpiter assume o papel de protagonista, com força e tido como símbolo de justiça, o que faz com que se torne fácil traçar um paralelo deste com Xangô. Inclusive, o planeta correspondente a Xangô na astrologia é Júpiter, o que apenas torna mais evidente a semelhança entre essas duas figuras.

Zeus na mitologia grega

Zeus é o deus da justiça e dos trovões na mitologia grega, assumindo um papel de destaque no Olímpico. Desse modo, é muito fácil traçar um paralelo entre Zeus e Xangô, já que Xangô também é o criador de leis e Orixá dos trovões. Somente à título de curiosidade, ambos possuem pontos de força nas montanhas, já que na mitologia grega Zeus executa suas ações diretamente do monte olímpico.

Tupã para os tupi-guaranis

O sincretismo entre Xangô e Tupã se dá principalmente pelo fato de Tupã ser denominado de “O Espírito do Trovão”. Todavia, Tupã assume a função de diversos Orixás, já que ele foi o criador da terra, do céu e dos mares, remetendo ao Orixá Oxalá. Além disso, está relacionado à agricultura (como Ogum), à caça (Oxóssi) e à transmissão do conhecimento das ervas medicinais aos pajés (Ossain).

Odin para os nórdicos

Odin, o pai de todos na mitologia nórdica, possui como um dos principais atributos a sabedoria. Desse modo, por ser o deus da sabedoria, é sincretizado com Xangô. Afinal, o Orixá Xangô tem como uma das principais características a sabedoria, com muita prudência ao executar quaisquer ações.

Porém, esse Orixá também poderá ser sincretizado com Thor, devido ao fato de Thor ser o deus do trovão na mitologia nórdica e por ele também possuir um machado.

As qualidades de Xangô

Ilustração do Orixá Xangô em fundo cinza

Dentro das qualidades de Xangô, pode-se ver diferentes modos de atuação, características e até mesmo preferências. Por isso, para entender o Orixá Xangô, é muito importante que se entenda todas as suas qualidades e como elas se manifestam no terreiro.

Alufan

Sincretizado com São Pedro, essa qualidade de Xangô tem como campos de atuação as pedras do rio, do mar, cachoeiras, lagos e fontes. São protetores dos pescadores e recebem suas oferendas nessas pedras. Por ser sincretizado com São Pedro, muitos associam as chaves do céu a essa qualidade, considerando-a como protetora dos desencarnados.

Alafim

Xangô Alafim é o falangeiro que veste branco, devido a sua proximidade com o Orixá Oxalá, podendo vir com detalhes vermelhos se houver sintonia com Ogum e detalhes verdes, se tiver em sintonia com Oxóssi. É um dos falangeiros mais conhecidos de Xangô, por ser o primeiro a vir a terra, sendo chamado de ‘O grande pai’ ou ‘Xangô branco’.

Ele traz na mão o machado de Xangô, chamado de Oxé, e a espada, sempre atuando com muita força, não temendo possíveis adversários. Manifestando-se na forma jovem, Alafim cumpre a justiça na terra e auxilia as pessoas a superarem as demandas que as aflige.

Afonjá

Afonjá é uma qualidade jovem do Orixá Xangô, tendo grande sabedoria que o torna maduro. Ele é galanteador e orgulhoso, tendo uma relação energética muito intensa que pode propiciar choques com outras sintonias.

Por isso, é dito que ele representa uma força violenta que muitas vezes entra em conflito com falangeiros de Ogum. Inclusive, vale destacar que Xangô Afojá traz na mão um amuleto de proteção, dado por Iansã.

Aganjú

Xangô Aganjú possui alta relação com a Orixá Oxum, sendo muitas vezes o seu oposto que a complementa. Por exemplo, referente às emoções, Aganjú representa o lado bruto e rudimentar, enquanto Oxum simboliza a suavidade das relações. Xangô Aganjú gosta de se vestir de azul e vermelho, trazendo nas mãos o seu Oxé e uma espada.

Inclusive, a qualidade Aganjú é a que possui domínio dos vulcões, da montanha e da terra, tendo como campos de atuação os locais inexplorados e com potencial hostil para a existência, como desertos. Ele atua nas montanhas, grutas, cavernas, abismos e minas. Vale destacar que ele está muito ligado à vitalidade, com doação de força e saúde, sendo o defensor das pessoas menos favorecidas.

Agogo/Agodo/Ogodo

Xangô Agogo se manifesta como um idoso, com roupas brancas ou marrons, além de trazer em suas mãos dois machados. Ele é mais rígido e aprecia dar ordens, não gostando de quando desobedecem às suas ordens. Ele é o regente dos raios e trovões, sendo também responsável pelos terremotos. Inclusive, é atribuída a ele a responsabilidade de incendiar o próprio reino no itã em que ele se torna Orixá.

Baru

Falange poderosa e ao mesmo tempo, humilde e hospitaleira, Xangô Baru é uma qualidade que se apresenta na forma jovem em um cavalo branco, o que pode gerar confusão com algum falangeiros de Ogum.

Essa qualidade dá muita liberdade a seus filhos para falar sobre os mais diversos assuntos, desde que não abordem a morte, que lhe gera pavor. Suas vestes são muito exuberantes, com vermelho e branco e uma coroa com pontas em formato de fogo.

Bade

Diante de tantas qualidades desse Orixá, é comum que algumas pessoas se confundam e criem qualidades que não existem. Relacionado a isso, Bade não é uma qualidade de Xangô. Na realidade, o termo Bade é um dos modos de chamar o próprio Orixá Xangô no estado da Bahia, sendo um dos nomes dele, como outro sinônimo que é Zazi.

Jakuta

Apresentando-se na forma idosa, Jakuta é uma qualidade de Xangô que veste branco, marrom e amarelo, com um Oxê na mão. Xangô Jakuta é o responsável pela pedra de raio, já que esta é um dos símbolos de Xangô. Conforme os itãs, essas pedras são levadas em uma sacola com esse Orixá que as lança incendiando o alvo.

Kosso

A qualidade de Xangô Kosso, também chamada de Obakossô, apresenta-se na forma jovem e impetuosa. Trata-se de uma versão guerreira muito determinada a vencer todos os objetivos que ela depara.

Ao chegar nos terreiros, essa qualidade pode se manifestar de diversas formas, como: severos, amorosos, agressivos ou moralistas. Por conseguinte, ele é instável em sua apresentação, sendo importante ser muito respeitoso e sincero ao se comunicar com ele.

Oranifé

Xangô Oranifé é tida como uma qualidade muito severa que dificilmente perdoa quem cometeu alguma infração que envolvesse a sua presença. Porém, é muito justo, apesar de ter um caráter extremamente firme. Por isso, é importante se esforçar ao máximo para manter a retidão junto dessa qualidade de Xangô.

Airá Intile

Em alguns terreiros, Airá Intile não é visto como uma qualidade de Xangô, mas é tido como sendo uma qualidade desse Orixá na maioria das casas. Ele é um falangeiro que atua na forma de um adulto de meia idade, tendo como pontos de força os trovões longos, vendavais, furacões e redemoinhos. Ele trabalha em prol da caridade, apesar de ser rebelde e ter um temperamento difícil.

Desse modo, Obatalá conduz essa qualidade de Xangô, auxiliando-o a fazer caridade. Por isso, os filhos que carregam esse falangeiro na coroa devem ter uma guia de contas leitosa para Obatalá. Além disso, Airá Intile aprecia a cor branca e pode utilizar ou um Oxé ou uma espada nas mãos.

Airá Igbonam

A qualidade Airá Igbonam apresenta-se em uma forma muito jovem, sendo muito brincalhão com seu sorriso marcante. Ele adora as danças na incorporação, fazendo também que o médium caminhe sobre brasas quentes, para comprovar que ele está incorporado por essa qualidade de Xangô. Essa qualidade gosta de usar branco e se relaciona diretamente com Obatalá, sendo considerada como senhor do fogo.

Airá Mofé

Manifestando-se na forma idosa, Xangô Airá Mofe possui uma forte vibração de Oxum, por conta de seu choro ou demonstração máxima de emoção no momento de se manifestar no plano físico. Além disso, é o pai das águas quentes e trabalha ao lado de Oxum, tendo muito apreço pelas roupas brancas e azuis, tendo em alguns cenários, tons de amarelo ou dourado. Suas guias de contas são leitosas na cor azul.

Características dos filhos e filhas de Xangô

Homem na praia vestido de Orixá Xangô

Os filhos e filhas de Xangô possuem características que fazem destas pessoas únicas, dando um senso de protagonismo e gerando um magnetismo natural que atrai as pessoas que estão ao redor delas. O filho de Xangô deve treinar a flexibilidade diante das situações, pois são naturalmente muito rigorosos com eles mesmos e com os outros, o que gera muito desgaste e frustração.

Além disso, é importante destacar que fisicamente as filhas de Xangô podem parecer desleixadas com a aparência e possuem mais atributos masculinos, enquanto os filhos de Xangô possuem ossos e ombros mais largos, além de acumular mais gordura corporal. Vale destacar que há outras características dos filhos desse Orixá, como você poderá ver abaixo.

Postura ativa

Por mais que não tenham o porte físico forte como o dos filhos de Ogum, os filhos de Xangô possuem uma postura ativa que os destacam da maioria das pessoas que os cercam. Isso também é reflexo da proatividade característica do filho desse Orixá, já que geralmente consiste em um tipo de pessoa muito solícita que gosta de fazer as coisas da melhor maneira e que até pode se cobrar em excesso para fazer o certo.

De um certo modo, é como se tivessem uma aura de rei que os destacam da maioria das pessoas, o que se explica também por conta da autoestima bem consolidada dos filhos deste Orixá. Os filhos de Xangô sabem que são pessoas especiais e também exigem esse tratamento, irritando-se muito se a outra pessoa o esquece ou não dá o devido valor a ele.

Autoridade e bondade

Os filhos de Xangô também podem ser tidos como autoritários, já que eles gostam de administrar situações e são muito exigentes com as pessoas que trabalham em parceria com ele, assim como são exigentes com eles próprios. Muitas vezes, o outro indivíduo não produz tanto ou não é tão solicito quanto o filho desse Orixá, o que o irrita muito e faz com que ele cobre ainda mais da pessoa.

Todavia, são extremamente bondosos e justos, sendo pessoas muito leais pelas quais vale a pena se aliar no trabalho. Inclusive, muitos comportamentos autoritários do filho de Xangô são explicados por essa bondade inerente a ele, já que ele tem a necessidade interna de ver as pessoas ao seu redor se desenvolverem. Por isso, se um filho desse orixá gosta de você, ele terá altas expectativas e te cobrará sem desrespeito.

Inteligência e compaixão

A inteligência também é uma característica que se faz muito presente nos filhos de Xangô, já que eles são muito estrategistas e assim como o Orixá que representa a sabedoria, costumam tomar boas decisões. Por isso, costumam estar à frente das grandes decisões, sem medo de arriscar e com grande espírito de liderança. Desse modo, é o tipo de pessoa que colabora para fazer os outros crescerem.

Além disso, têm muita compaixão, principalmente pela paciência que faz com que eles consigam controlar bem suas emoções e não tomar juízos precipitados. Desse modo, prezam muito pelo bem-estar das outras pessoas e são muito brincalhões, trazendo sempre muita alegria para o ambiente em que ele está presente.

Energia e autoestima

Sendo pessoas altamente enérgicas, os filhos de Xangô se destacam por ter muita energia e por conseguir canalizar bem essa energia em produtividade, quando estão em equilíbrio. Desse modo, são pessoas que gostam de fazer o trabalho da melhor maneira possível, já que além de muito enérgicos, cobram-se muito para ter os melhores resultados.

Assim, conseguem realizar grandes feitos e ficam muito satisfeitos com o próprio desempenho. Além disso, possuem muita autoestima e dificilmente são atingidos por críticas destrutivas. Isso faz com que os filhos desse Orixá entrem em um ciclo positivo, em que começam o trabalho motivados e por conta dos ótimos resultados, reforçam seus próprios sensos de competência.

Para se relacionar com Xangô

Ilustração do Orixá Xangô

Assim como os restantes Orixás, Xangô também possui suas próprias características, o que engloba: dia do ano, dia da semana, saudação a ele, símbolo, cores, elemento e oração por meio de pontos cantados. Portanto, confira cada um desses aspectos e saiba como aprofundar ainda mais o seu vínculo com esse Orixá.

Dia do ano de Xangô

O dia do ano dedicado para Xangô é 30 de setembro, por conta de seu sincretismo com São Jerônimo. Porém, como esse Orixá pode estar sincretizado com outros santos, como São João e São Pedro, o dia de Xangô poderá também ser dia 24 de junho.

Inclusive, o fato de Xangô também ser sincretizado com São João é a razão para a simbologia desse Orixá também estar associada às festividades juninas. Todavia, é importante destacar que o sincretismo variará conforme as qualidades de Xangô, já que cada uma delas possui diferentes características.

Dia da semana de Xangô

Quarta Feira é o dia da semana de Xangô, sendo o dia que mais carrega o axé desse Orixá, facilitando a sintonização com sua energia. Inclusive, Quarta Feira também é o dia da Orixá Iansã que é a mulher de Xangô e deusa das tempestades e dos relâmpagos, muito associada ao elemento ar.

Saudação a Xangô

As saudações a Xangô são Kaô Cabecile e Opanixé ô Kaô, tendo pequenas variações no modo em que se escreve cada uma delas. O significado de Kaô Cabecile é “venham saudar o rei”, sempre que esse Orixá manifesta seu axé no plano físico.

Vale destacar que a saudação também pode ser feita com as mãos, sendo que nesse caso a pessoa deve estar com as mãos praticamente abertas por completo. Nesse caso, ela coloca a mão direita na região da testa e a esquerda na da nuca, alternando as mãos enquanto faz a saudação verbal “Kaô Cabecilê”.

Símbolo de Xangô

Relativamente ao símbolo de Xangô, o seu principal consiste no oxé, machado de duas lâminas que representa a justiça divina. Esse machado corta para os dois lados e conota a imparcialidade desse Orixá que é rígido e incorruptível. O machado deste Orixá também demonstra o poder do equilíbrio e da razão para o cumprimento da justiça.

Além disso, Xangô também tinha um saco de couro que ele pendurava no seu ombro esquerdo, onde ele guardava um dos seus símbolos. Nesse saco estavam os elementos do seu axé: as pedras de raio. Estas eram usadas contra seus inimigos e podiam ser utilizadas para que esse Orixá cuspisse fogo.

Cores de Xangô

As cores do Orixá Xangô são: marrom; e branco e vermelho, a depender da casa que cultue esse Orixá. Por exemplo, na Umbanda, Xangô é representado com a cor marrom, enquanto que no Candomblé ele é cultuado com a cor branca combinada com o vermelho. Baseado nisso, você poderá notar que a principal pedra na sintonia de Xangô é o jaspe marrom, já que essas cores não são escolhidas de forma arbitrária.

Elemento de Xangô

O elemento que carrega o maior axé de Xangô é o fogo, sendo altamente condizente com seu campo de atuação. Mesmo assim, este é um Orixá considerado ígneo, já que possui grande sintonia com a vibração das rochas e pedreiras.

Desse modo, pode-se notar que o fato de Xangô ser um Orixá ígneo não invalida o fato de ele estar associado ao fogo, já que as rochas não fazem parte dos 4 elementos: terra, fogo, água e ar.

Oração a Xangô

Caso você queira solicitar auxílio para a resolução de problemas diversos, poderá recorrer ao axé de Xangô, para que as entidades que trabalhem sob sua vibração venham te auxiliar. Para isso, você poderá dizer a seguinte oração:

“Deus do fogo e do trovão, Senhor do raio e da justiça divina, olhe para mim Pai, com seus olhos justos e benditos.
Não permita que meus inimigos me façam mal nem no corpo, nem na alma, e que nenhuma injustiça me abale.
Salve Deus do Machado Sagrado, pelo seu Oxé, eu peço proteção e justiça em meus caminhos. Faça-me forte como as rochas que governa.
Puro de alma e coração, deposito em suas mãos a minha confiança e, sendo assim, sei que com sua magnanimidade intercederás por mim.
Proteja-me, Senhor do fogo e da vida, para que meu ser seja a própria vida de seu amor e de sua justiça.
Que assim seja!"

Oferendas a Xangô

Ilustração do Orixá Xangô

Há oferendas que podem ser feitas a Xangô com diferentes propósitos, desde a obtenção da justiça, até para a abertura de caminhos – sendo feita para um Exu falangeiro de Xangô e até mesmo para os negócios.

Porém, tome cuidado para não realizar essas oferendas sem a supervisão do pai de santo de seu terreiro, para que você não erre nenhum procedimento que complique sua relação com a espiritualidade. Afinal, oferendas só podem ser feitas, caso tenham sido solicitadas previamente por uma entidade ou Orixá.

Para ter justiça

Xangô é o Orixá da justiça e ele possui o atributo da imparcialidade e da razão, por isso, é importante que você esteja com a consciência limpa se for pedir justiça para esse Orixá. Afinal, o machado dele corta para os dois lados e caso você peça justiça, é essencial que você tenha certeza de que realmente está sofrendo injustiça nessa situação.

Tendo isso em mente, a oferenda para pedir justiça a Xangô é muito simples e recomenda-se fazê-la numa pedreira na quarta feira, pois é o dia e o local com maior axé desse Orixá. Para isso, você acenderá uma vela marrom e colocará uma garrafa de cerveja preta ao lado desta vela, solicitando a justiça que você deseja.

Para abrir caminhos

Abertura de caminhos é a especialidade das entidades Exus, sendo muito comum de se fazer oferendas a estas entidades com esse propósito. Cada entidade Exu trabalha em uma determinada falange, vibrando na energia de algum Orixá específico. Por isso, há diversos Exus que trabalham na sintonia de Xangô, sendo o Exu Gira Mundo um dos principais Exus de Xangô.

Sendo assim, entenda como fazer uma oferenda para Exu Gira Mundo, com os itens abaixo:

• Farinha de mandioca grossa;
• Azeite de dendê;
• Milho torrado;
• Bananas;
• Maças;
• Batatas assadas;
• 3 ou 7 velas (a cor que for pedida, que pode ser branca);
• Charutos molhados no dendê;
• Bife de boi;
• Pipoca;
• Vinho tinto suave;
• Farinha de mandioca com cachaça.

Veja que não há um manual para se fazer essa oferenda, já que as instruções para o preparo desta devem ser feitas pela própria entidade. Portanto, não invente de fazer uma oferenda sem antes ter o aval da espiritualidade, pois senão ela poderá ser convertida em maus propósitos.

Para os negócios

Assim como na oferenda para abrir caminhos, a oferenda para proporcionar a chegada de boas novas nos negócios também deverá ser feita da maneira que a entidade ou Orixá pede, havendo a lista de componentes para prepará-la. Vale destacar que o mel deve ser despejado por cima de todos esses elementos, após a estrutura da oferenda estar pronta.

• 1 dúzia de bananas;
• 1 cerveja preta;
• 6 charutos;
• 3 cravos brancos;
• 3 cravos vermelhos;
• 6 velas marrons;
• 1 folha de papel de seda marrom;
• 1 folha de papel de seda branca;
• 1 caixa de fósforos;
• Mel.

O que o senhor da justiça, Xangô, tem a nos ensinar?

Escultura do Orixá Xangô

Xangô é um Orixá com diversas qualidades, de modo que ele possa ensinar à humanidade diversas qualidades. A primeira virtude ensinada por esse Orixá é a paciência para atingir os objetivos, evitando jogadas precipitadas para atingir a um determinado fim. Desse modo, Xangô ensina o indivíduo a ter paciência e perseverar para alcançar um objetivo, sem se precipitar ao persegui-lo.

Além disso, Xangô ensina as pessoas a serem mais racionais diante das adversidades, sem sucumbir às emoções e sair projetando raiva nos outros, o que torna a pessoa que não faz isso ser de uma convivência muito mais agradável. Essa racionalidade também permite que o indivíduo tome decisões mais justas e com menor risco de erro, já que ele cogitará diversos resultados possíveis de decorrer após a atitude.

Mesmo assim, o ensinamento mais importante de Xangô se centra em sua principal virtude: a justiça. Sendo assim, esse Orixá ensina a humanidade acerca da importância de agir com retidão, sendo justo nos momentos mais difíceis e mantendo essa prática no dia a dia.

Essa virtude está também relacionada à abdicação de determinadas vantagens individuais, em prol do bem comum, o que demonstra um grau mais alto de evolução. Por fim, Xangô também ensina o Ser Humano a ser misericordioso, pois a misericórdia também é uma das grandes virtudes deste Orixá.

Já que o machado desse Orixá corta para os dois lados, é importante que você também esteja atento às suas atitudes e saiba que você também poderá ser injusto em determinados momentos da vida. Por isso, Xangô te ensina a pedir por misericórdia para o outro, para que você também se beneficie.

Autor deste artigo

É vivendo que nos tornamos a própria obra. Sou escritor e acredito que a escrita nos auxilia a extrapolar os limites do mundo concreto, então embarque nessa transcendência e mergulhe na leitura!

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