O que é abstinência? De diferentes drogas, duração, tratamento e mais!

Há um padrão genético em cada ser humano que atua de maneira a manter o equilíbrio no funcionamento do nosso organismo. No entanto, esse padrão pode ser comprometido a partir do nosso comportamento, como no caso do sistema de recompensa cerebral.

Através dos neurotransmissores de prazer que atuam nesse sistema sentimos o prazer e a saciedade. Esse mecanismo que atua diretamente a sensação de prazer pode sofrer adaptações de acordo com o uso de drogas ou medicamentos e a ausência destas substâncias acabam ocasionando na abstinência.

A crise de abstinência é uma série de comandos e sintomas que aflige todos os dependentes químicos, causando muitas vezes um desconforto psíquico ou físico. Saiba sobre os seus efeitos e como o uso de drogas influencia em sua ocorrência a seguir.

As drogas são poderosas substâncias capazes de distorcer o funcionamento físico e psíquico do ser humano. Independente da quantidade que você utiliza, ela irá estimular e perturbar o seu organismo de uma maneira a afetar todo o seu sistema de recompensa. Entenda um pouco mais sobre os tipos de drogas e os seus efeitos na sequência.

Existem diversas drogas e variadas formas de utilização como, por exemplo, as drogas que são inaladas. Elas são absorvidas pelas células pulmonares alcançando a corrente sanguínea e chegando ao cérebro. Há também drogas de uso oral ou injetáveis, todas elas costumam impactar o cérebro de maneira a causar prazer e bem-estar.

É compreensível como a utilização dessas substâncias levam muitas pessoas ao vício. Pois, esse efeito descarrega nos usuários uma dose de dopamina surreal ao corpo que comumente ele não é capaz de produzir. Logo, o seu uso se torna constante e perigoso.

Uma vez que a quantidade de entorpecentes se eleva no organismo irá gerar uma série de enfermidades ao organismo tanto físicas como mentais. Enquanto no âmbito psicológico se destacam as psicoses, crises maníaco-depressivas e a síndrome do pânico. No fisiológico, a depender da droga podem ser gerados danos cerebrais e fisiológicos.

Portanto, caso os vícios não sejam parados a tempo os efeitos podem ser irreversíveis, comprometendo a sua saúde e o seu bem-estar para toda a vida.

Algumas drogas depressoras são lícitas como o álcool, ansiolíticos e sedativos, outras são ilícitas como a morfina e o ópio. Elas são conhecidas por esse nome porque tendem a diminuir a atividade cerebral e causar sintomas como a diminuição da respiração, sonolência e até a perda de atenção e memória.

Já as drogas estimulantes são conhecidas por aumentar a atividade cerebral sendo capaz de gerar excitação, despertar uma sensação de coragem e até estimular a ansiedade. As drogas estimulantes mais conhecidas são a cocaína, nicotina e o crack.

As drogas perturbadoras podem ser também conhecidas como drogas alucinógenas. As mais frequentes são a maconha, o ecstasy e o LSD, essas drogas podem alterar a sua percepção de espaço e tempo, a sua sensibilidade e até alterar os seus pensamentos causando alucinações e delírios.

Existe uma série de associações que impulsionam uma crise de abstinência. Sejam elas genéticas, emocionais ou pelo estilo de vida, os seus impactos não podem ser ignorados e as suas consequências para o indivíduo precisam ser compreendidas. Descubra o que é uma crise de abstinências e suas causas na leitura abaixo.

As crises de abstinências decorrem por uma união de sinais e sintomas originados pela ausência da droga no organismo. Esses eventos acontecem quando o seu corpo sente a ausência destas substâncias por um longo período de tempo. Elas costumam ser geradas em um processo de desintoxicação do usuário.

Quando um organismo se adapta ao uso continuado de drogas, a presença das substâncias liberadas por essa droga se tornam comuns ao cérebro ocasionando um novo equilíbrio ao seu sistema neurológico. Dessa forma, o usuário se torna um dependente químico e estará sempre em busca dessa substância para retornar a esse estado de prazer.

Ao privar o corpo destas substâncias o corpo tende a reagir de maneira a causar desconfortos físicos e psíquicos. Isto se deve a ausência da droga no organismo e no restabelecimento de um padrão genético que havia sido alterado por elas. Estes desconfortos são chamados de crises de abstinência.

O processo de abstinência pode se tornar cíclico e vicioso. Geralmente, ele se inicia com o consumo das drogas provocando alterações em seu sistema de recompensa cerebral. De acordo com o uso continuado destas substâncias elas poderão provocar 2 tipos de neuroadaptações em seu organismo, que são:

- Adaptação de Oposição: este é um mecanismo que acontece em seu organismo com o objetivo de distanciar os efeitos das drogas na tentativa de expulsá-las de dentro das células.

- Adaptação de Prejuízo: neste caso o corpo irá criar mecanismo para diminuir a ação das drogas nas células através da redução de neuroreceptores, o que gera uma redução na capacidade de obtenção de prazer do corpo.

Estas adaptações cerebrais ocorrem como forma de recuperar o equilíbrio perdido pelo organismo antes da utilização das drogas. A crise de abstinência surge então como uma força contrária do organismo no sentido de expulsar essas substâncias e restabelecer o equilíbrio anterior ao vício.

Entretanto, da mesma forma que acontece a desintoxicação do corpo, as drogas retomam a sua potência inicial. Logo, as chances de quem foi dependente químico retornar ao vício são muito maiores por estarem mais suscetíveis aos efeitos ocasionando em um ciclo vicioso.

A crise de abstinência pode durar em média de 4 a 6 semanas após a interrupção do uso da droga. Enquanto isso, os sinais e sintomas irão variar de acordo com os fatores abaixo:

- O tempo desde o último uso;
- A taxa de eliminação da substância no organismo;
- A existência de comorbidades;
- Das características genéticas do indivíduo.

As crises de abstinência costumam iniciar após a interrupção do uso podem variar de acordo com os hábitos de consumo e a substância consumida. Entretanto, quando a pessoa possui o uso contínuo e prolongado, as crises costumam surgir entre 6 a 24 horas após a interrupção do uso.

A depender do entorpecente as crises de abstinências podem assumir graus diferentes. Ela irá variar de acordo com o uso e a potência dos efeitos da droga no organismo, podendo gerar sintomas mais leves até desencadear em surtos psicóticos. Compreenda mais sobre as crises de abstinência causadas por diferentes drogas a seguir.

O alcoolismo é desenvolvido por pessoas que fazem o uso excessivo e constante de bebidas alcoólicas. As pessoas podem ser motivadas ao uso a depender dos fatores biológicos, sociais, psicológicos ou culturais, apesar de acontecer normalmente uma séria de associações ao uso abusivo do álcool.

Por ser uma droga lícita, ela tende a atingir grande parte da população mundial, só no Brasil o número de dependentes chega a 10% da população. As crises de abstinência para quem interrompe a ingestão da droga abruptamente podem iniciar em até 6 horas.

Os sintomas mais comuns de abstinência pelos alcoólatras são os tremores, distúrbios gastrointestinais, o sono, além de um estado de inquietação pela ausência do álcool. A depender do caso pode se desenvolver uma abstinência severa conhecida como "delirium tremens" causando, além dos sintomas citados, uma desorientação espacial e temporal.

Outras drogas depressoras podem causar crises semelhantes ao do álcool, diferenciando-se apenas pela meia-vida de cada substância no organismo. Para as que possuem meia-vida mais curta os sintomas tendem a se apresentarem mais rápido do que os mais longos.

Entretanto, a eliminação destas substâncias que possuem uma meia-vida mais longa podem ser prolongadas, gerando assim crises de abstinências mais severas ao usuário. Como uma hiperatividade autonômica capaz de aumentar a temperatura do corpo, gerar uma taquicardia e uma respiração intensa, ocasionando muitas vezes a crises do pânico.

São raros os casos que esse quadro evolui para alucinações e um rebaixamento de consciência. Entretanto, se o paciente apresentar alguma morbidade estes sintomas podem gerar insuficiência cardíaca e até levar à morte!

As drogas estimulantes do sistema nervoso central (SNC) como a metanfetamina, o crack e a cocaína são potentes e tendem a viciar com facilidade. Em relação aos sintomas das crises de abstinência estão incluídas:

- Sono excessivo;
- Dificuldade de concentração;
- Depressão;
- Fadiga;
- Irritabilidade;
- Inquietação.

Alguns pacientes podem apresentar um desejo excessivo pela droga sendo capaz de torná-los agressivos e gerando quadros de depressão graves. O que pode levar muitas vezes ao suicídio.

O uso recreativo das drogas é recente, quando antes a humanidade usava as drogas apenas como medicamento ou em rituais, hoje ela está presente no nosso dia a dia. Com o uso normalizado muitas pessoas passaram a usar as drogas com recorrência, tornando-se então muitas vezes um vício. Saiba como prevenir as crises de abstinência na sequência.

A prática de atividades físicas regularmente ajuda o organismo a liberar substâncias capazes de causar a sensação de prazer e bem-estar. Logo, a serotonina e a endorfina liberada durante as atividades serviram como ótimos substitutos das drogas, uma vez que você estaria em um caminho mais saudável em busca da satisfação.

A sua alimentação influencia diretamente no seu organismo, para algumas culturas indígenas, por exemplo, o alimento e a culinária servem ao propósito da cura. Portanto, ter uma dieta balanceada e ingerir muito líquido o ajudará a promover a desintoxicação, melhorar as defesas do seu organismo e proporcionar uma maior disposição física.

Para aqueles que desejam largar um vício estar em ambientes ou ao lado de pessoas que fazem o uso recorrente das drogas pode ser prejudicial para o tratamento. Pois, você sentirá vontade de usá-la e muitas vezes irá ceder a tentação. Enquanto, você não possuir um domínio sobre o seu vício será insustentável viver ao lado dessas amizades.

Evite ambientes com drogas ou indivíduos fazendo o uso para que você não se prejudique. Mantenha-se ocupado ou envolvido em atividades que irão te distrair e afastar dessas situações que poderiam levá-lo ao vício. Faça esse favor para si mesmo e você se sentirá orgulhoso de sua decisão.

O cenário ideal para acontecer um tratamento para quem é dependente químico será quando houver um diagnóstico precoce do caso. Contudo, os tratamentos só costumam acontecer quando há uma piora do caso, nesse ponto é comum ocorrer até internações.

Não espere que o seu caso se agrave, entenda abaixo como funciona o tratamento para dependentes químicos e busque ajuda para si mesmo!

Os medicamentos para tratamento dos dependentes químicos foram desenvolvidos recentemente. Eles serão escolhidos de acordo com o seu nível de dependência e do seu estado de toxicidade, sendo administrados acompanhados de uma terapia.

Existem dois tipos de procedimentos, cujo efeito varia de acordo com o seu quadro clínico. Estas medicações podem agir de diferentes maneiras, por isso a necessidade de um acompanhamento médico. Segue:

- Medicação aversiva: é administrada enquanto o paciente utiliza a droga, provocando assim um mal-estar em relação à substância na tentativa de criar um tipo de repugnância pela droga.

- Medicação substitutiva: este é o tipo de medicamento que age direto no Sistema Nervoso Central, sendo que o seu princípio ativo mimetiza o efeito da droga. Este tipo de tratamento é comum para usuários de heroína, por exemplo.

A psicoterapia se tornou um dos maiores aliados para aqueles que desejam recuperar a saúde mental e largar a dependência. Através das sessões são feitas diversas intervenções a fim de complementar o tratamento com medicamentos, pois só quando o indivíduo toma a responsabilidade para si ele será capaz de vencer o vício.

Já a terapia cognitivo-comportamental proporciona condições para que auxiliem a mudança de pensamentos por intermédio das alterações cognitivas. A partir de alguns métodos, o terapeuta irá estimular o paciente a refletir os seus hábitos de consumo e modular o seu comportamento de maneira a causar um desinteresse pelos tóxicos.

Entretanto, assim como a terapia, esse é o tipo de procedimento que exigirá do paciente consciência do seu estado e o desejo de melhora. Pois, só assumindo a sua decisão de mudar ele conseguirá reverter o seu quadro e largar o vício das drogas.

Atividades interativas em grupos como os Alcoólicos Anônimos tem se demonstrado eficazes no tratamento dos dependentes químicos. Uma vez que as pessoas compartilham as suas experiências e estão juntos em busca do mesmo objetivo, além de estimular a empatia juntos, eles encontram o apoio necessário para lidar com a situação.

Há muitos casos em que os dependentes químicos são largados pela família. Lidar com esta situação afastado das pessoas que ama pode tornar muito mais difícil a reabilitação. Muitas vezes até impossível, pois a maioria dos pacientes que chegam a esse estado não encontram apoio familiar.

Logo, surge a necessidade de uma intervenção familiar para que ocorra uma terapia familiar. A disposição do paciente em tentar mudar a sua condição se torna mais assertiva e logo eles conseguirão superar os sofrimentos dessa doença.

Os problemas das drogas é uma constante na sociedade. Muitas vezes, as maneiras como vivemos e as pessoas com quem nos relacionamos servem como incentivo a utilização de entorpecentes. Dada a facilidade de acesso e o nível de consumo dessas drogas pode chegar num ponto em que o dependente precisa ser internado.

A internação psiquiátrica costuma ocorrer nos estados mais graves do paciente, quando já foram feitas diversas tentativas desde o uso de medicamentos até as terapias. Passando desse ponto, caso se perceba que a vida do paciente está em risco ou ele se torna uma ameaça pública então esta será a única solução.

Em relação ao âmbito hospitalar, a dependência das drogas é tido como uma doença. Logo, surgiram diversos hospitais especializados em ajudar pacientes que são dependentes químicos.

A vantagem desses lugares é que prevalece sobre o paciente um olhar clínico, não dando abertura para julgamentos preconceituosos ou gerando qualquer tipo de aversão ao caso. Portanto, os profissionais de saúde estariam lidando com o quadro clínico desse paciente de maneira muito mais humana e assertiva, facilitando a reabilitação do mesmo.

O "craving", também conhecido como fissura, surge como um pensamento obsessivo, uma memória de euforia ou como um plano sobre o usuário que faz o possível para obter a substância e sustentar o vício. Diferente da abstinência que gera um sintoma mais físico do que psíquico.

Entretanto, ambos podem causar recaídas. Afinal, a abstinência funciona como uma espécie de tortura física, enquanto o craving como uma obsessão extrema para consumir a droga. O que leva muitas pessoas a retornarem o uso para que sejam interrompidos os sintomas.

Apesar de estarem distantes em nível de manifestação, os dois problemas são frutos da dependência química dos usuários. Portanto, é importante ter consciência desses estados para que eles não o surpreendam enquanto você está no processo de reabilitação.